Estamos de volta a um lugar que gostamos muito: Paraty, cidade litorânea a 2 horas de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. A cidade possui o Centro Histórico com casas coloniais e ruas de pedra sem circulação de carros, um dos maiores destinos turísticos do país. Essas casas históricas abrigam hoje pousadas, restaurantes, ateliês e lojas de cachaças de produção local e artesanal.
Assim que chegamos, antes de ir para a pousada, paramos no Istambul para almoçar, pois ele fica bem próximo a rodoviária. É um restaurante turco pequeno e muito bonito. Se você caçar no menu e pedir pra tirar um iogurte aqui e um queijo acolá, perguntar se a massa em questão leva ovo ou leite, consegue encontrar ou elaborar algo vegano. Comemos kebab de falafel e de legumes refogados e hummus com pão sírio. Ah, e claro, fechamos com o café turco, aquele que vem com borra e você lê o seu futuro no desenho que ela forma da xícara.
Kebab de falafel e hummus no Istambul
À noite, procuramos pelo que seria o único restaurante vegetariano de Paraty, o indiano Ganges. Não temos boas notícias. Paraty não tem mais nenhum restaurante vegetariano. O destino então nos levou ao requisitado Margarida Café. Não é barato, mas vale a pena por ser a melhor noite do centro histórico (para quem curte balada, fica a dica do Paraty 33), com ótima música ao vivo, decoração, ambiente, atendimento, seleção de bebidas e a melhor pizza que já provamos! Sim, pizza. Não, não há pizza vegana no menu. Aliás, não há nada especialmente vegano no menu do Margarida, mas a variedade de ingredientes nas pizzas nos chamou a atenção. Há várias combinações sem carnes de animais. Escolhemos a “pizzaiolo” que vem com molho de tomates frescos, azeitonas, shimeji, shitake e champignon, e pedimos para não colocar o queijo. O garçom confirmou que a massa, como costuma ser, não continha leite ou ovos. Resultado, uma pizza vegana suculenta e saborosa.
O almoço do dia seguinte foi no Restaurante Arpoador, na Rua da Matriz. Eles tem uma moqueca vegetariana, acompanhada de arroz e um inacreditavelmente delicioso pirão. Tudo vegano, já que a moqueca é temperada no dendê e o pirão é feito com o próprio caldo da moqueca de legumes com a farinha de mandioca. Tudo muito bom! Mas uma dica, a porção para dois deles, vale para um batalhão. Se estiver em dois, peça para um.
Moqueca vegetariana do restaurante Arpoador
As praias e ilhas de Paraty fazem parte da Baía de Ilha Grande e são paradisíacas. Como pelo visto não estamos tendo muita sorte na escolha de data para viajar ao litoral, passamos por dias nublados. No entanto, em nossa última visita fizemos um passeio de saveiro, que passou em algumas praias e ilhas para mergulho, e é simplesmente o máximo! Água, areia, vegetação… tudo exemplo da perfeição da natureza. De maneira nenhuma, com tempo bom, deixe de visitar essas praias fora do centro. Na Praça do Chafariz há lugares para comprar o passeio que custa em média R$40,00 por pessoa, incluindo consumação de frutas a bordo.
Tiago relaxando em alguma praia de Paraty em 2009.
E perto da Praça do Chafariz, seguindo a Av. Roberto Silveira, encontrará a Sorveterapia, com sorvetes naturais, sem gordura hidrogenada e os de frutas são sem leite animal, portanto, sorvete vegano! Lá também costuma ter sabores exóticos como melissa e erva cidreira, mas estão em falta. Não é muito barato, ele é self service e umas 5 bolinhas custou em torno de oito reais! Mas encontrar sorvete vegano sempre vale a pena!
Sorvete sem lactose e natural, vegano, no Sorveterapia.
A pedida do centro histórico de Paraty é andar muito e com tranquilidade! E é muito prazeroso fazer isso por lá, já que as ruas são lindas e cheias de história. Lamentável é ver que a escravidão ainda não acabou em Paraty por meio das charretes. De vez em quando o encanto é cortado por uma charrete passando. Um cavalo escravizado forçando os músculos do pescoço e o corpo todo fatigado amarrado a um monte de apetrechos que o imobilizam, forçam e o atrelam a carroça como se fosse uma extensão macabra de seu corpo apropriado, a alma apática e a vida usurpada para carregar alguns turistas que teimam em não ter apatia, senso crítico e de justiça. Alguns, antes de subir ou depois, ainda tiram fotos, como se isso fosse algo belo a se ter orgulho e registrar para a posteridade. Também tiramos algumas fotos, mas não para mostrar a charrete, como muitos vêem. Mas para mostrar que ali no meio daqueles ferros e madeiras, debaixo de amarras e chicotes, há alguém, não uma coisa. Esperamos que um dia os vejam como tal, e os libertem dessa escravidão.
Centro Histórico de Paraty
Cavalos escravizados em charrete de Paraty
A noite jantamos no Flor do Rio, onde ficava o Grão da Terra, restaurante vegetariano que agora só faz entregas e não tem espaço físico. O Flor do Rio fica a beira do Rio Perequê-açú bem ao lado da segunda ponte que o atravessa. Não é um restaurante vegetariano, como chegamos a ler na internet. Há muitos pratos com carnes e outros com queijos, inclusive coalho, que usa enzinas digestivas. No entanto, há como pedir para preparar sem queijo e foram os pratos que mais apreciamos em Paraty, dentre as outras ótimas opções. Foi um risoto de pupunha e um escondidinho de cogumelos, feito com batata baroa, que acompanha arroz integral e uma caprichada salada. De aperitivo, uma caipirinha de abacaxi com pimenta dedo de moça e uma Gabriela, que é cachaça com cravo e canela.
Risoto de pupunha e escondidinho de cogumelos no Flor do Rio
O almoço do último dia foi no elegante Banana da Terra, na Rua Dr Samuel Costa. Fizemos questão pela moqueca vegetariana diferenciada, feita com banana, palmito e pimenta de bico. Já o acompanhamento é arroz e uma farofa que pedimos para ser feita no azeite, mas eles disseram que ela já fica pronta e é feita com manteiga. De qualquer forma, ela não faz falta. Valeu experimentar, mas a moqueca do Arpoador também é muito boa e sai bem mais em conta.
Moqueca vegetariana no Banana da Terra
Como última dica, lemos que o bar restaurante O Café teria sempre uma opção vegetariana do dia, e uma lasanha de legumes com massa de palmito. O procuramos na Praça da Matriz, mas ele mudou de endereço. Fica a dica para quem for à Paraty procurar por ele. Está fora do Centro Histórico, mas não muito longe, na Rua Marechal Santos Dias, a meio quilômetro da Praça do Chafariz.
Fechamos com as fotos que vimos em uma exposição no Centro Cultural, onde uma câmera fotográfica foi dada a algumas crianças de Paraty para eles capturarem o que preferissem. Nos chamou a atenção as fotos de 3 meninos, o Felipe Maurício Rocha de 8 anos, o Keven Caique de 10 anos e o Gilliardson Barcelon de 11 anos. Eles voltaram seus olhos para cães e gatos nas ruas e em casebres da cidade. Nota-se uma sensibilidade aflorada no olhar dessas crianças, e a importância de dar suporte e incentivar isso, para que não se perca ao longo da vida.
Felipe, de 8 anos, fotografa cão andando nas ruas de Paraty
Saiba mais sobre a escravidão de animais em carroças e charretes e soluções AQUI.
Material de Direitos Animais para crianças do Projeto Ulinha AQUI.
PS: Há uma pousada vegetariana em Paraty! A Solar D’Alcina Pousada. Usam inclusive a palavra vegan no site! Uma pena termos descoberto depois de reservarmos outra. http://www.solardalcina.com.br/
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