Vegetariando pela cidade imperial: Petrópolis.

Mais um feriadão nesse nosso Brasil, e nada melhor que aproveitá-lo com uma viagem curta para uma cidade pequena. Resolvemos voltar a um lugar que gostamos muito: Petrópolis, a cidade imperial na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Aliás, esse artigo aproveita para homenagear essa cidade que em junho celebra as tradições de seus colonos alemães, através da Bauernfest. Admiramos e respeitamos esse povo que deixou a cidade imensamente charmosa com sua arquitetura e paisagismo, mas preferimos evitar as barracas de salsichões esfumaçando, os embriagados com a cerveja a metro e a cidade lotada, e fomos fora da data da festa do colono para aproveitarmos a cidade mais tranquila e mais nossa. Aliás, fomos em clima de Dia dos Namorados.

Petrópolis ainda não tem muitas opções veganas, então o que mostraremos aqui são pequenos espaços que encontramos. Lá também tem as grandes redes em que você pode elaborar seu prato ou lanche 100% vegetal, como o Subway e o Spoleto, mas viagem serve justamente para experimentarmos algo especial, então fuja do trivial e massificante.
No primeiro dia as 2 opções de restaurante que tínhamos em mente tiveram que ficar para os dias seguintes, pois era feriado e eles ficam dentro de galerias que estavam fechadas. Fomos então ao Capitólio Sushi Bar e pedimos misoshiro, kappamaki, futomaki de pepino, shimeji e manga, e shitake ao azeite e alho (no cardápio era na manteiga, mas pedimos para trocar por azeite). O misoshiro (sempre pergunte do que é feito, pois em alguns casos eles usam um tipo de caldo de peixe, mas aqui era a base de água) e o shitake estavam deliciosos.
Escolha vegana no Capitólio Sushi Bar em Petrópolis

Escolha vegana no Capitólio Sushi Bar em Petrópolis

A noite fomos ao Bordeaux, restaurante com adega* que se instalou no antigo celeiro da histórica, intrigante e charmosa Casa do Ipiranga ou Casa dos Sete Erros. Os pratos são limitados e não possuem opções veganas, a não ser castanhas e saladas. Para piorar, fomos desagradavelmente surpreendidos com a oferta de patê de Foie Gras no menu. Bola fora!
No dia seguinte, fomos aos pontos turísticos que não conhecemos na visita anterior. Andamos pelo interior do deslumbrante Palácio Quitandinha, construído em 1944 para ser um hotel cassino. Nessa visita tivemos uma surpresa, pois no jardim de inverno há uma grande gaiola que antes confinava pássaros e hoje é cenário de um borboletário virtual com um efeito muito bonito. Não sabemos se esse borboletário será fixo ou se é temporário, mas achamos ótima a ideia e só reforça que existem métodos substitutivos e mais educativos do que confinar animais de verdade, como nos zoológicos. Hoje o Palácio é sede do Sesc e possui até boliche e pista de gelo (varia conforme a programação). Infelizmente o restaurante do hotel foi desativado. Na frente do Palácio, nos deparamos com lindos cães gordos e limpos, alguns correndo e brincando pelo gramado na beira do lago e outros deitados na entrada do Quitandinha.
Cachorrinha deitada no gramado do Palácio Quitandinha

Cachorrinha deitada no gramado do Palácio Quitandinha

Almoçamos no San Te Tang, um restaurante chinês com serviço de buffet. Ele é ovolactovegetariano, mas o proprietário é um oriental muito atencioso e nos acompanhou pelo buffet discriminando os ingredientes de tudo! Conseguimos compor um prato vegano bem completo e gostoso. De sobremesa, uma torta de banana, com massa vegana. Mas claro, esperamos que o restaurante se torne definitivamente vegano. É o ideal: mais saudável, ético e inclusivo.
San Te Tang, restaurante vegetariano em Petrópolis

San Te Tang, restaurante vegetariano em Petrópolis

Após um café, fomos andando para o nosso destino do dia, a Casa dos 7 erros, na Rua Ipiranga. O centro histórico de Petrópolis é muito bonito, com jardins, praças, lindas casas e palacetes, e ruas seguras, portanto, o ideal é aproveitar a caminhada. Passamos pela praça da Liberdade, praça 14 Bis, Avenida Koeler, a casa da Princesa Isabel (a casa da abolicionista contrasta com a escravidão passando em frente por meio dos cavalos ainda explorados para charrete** de turismo na cidade, as chamadas vitórias), Igreja São Pedro de Alcântara (dessa vez fizemos uma visita rápida, pois já conhecíamos o lugar e sua história; mas recomendamos para todos a visita guiada, onde é possível subir no interior dela. Vale muito a pena. Ela é linda e impressionante em estilo neogótico.), Igreja Luterana, e finalmente, A casa!

Animal explorado em charrete passa em frente a casa da Princesa Isabel

Animal explorado em charrete passa em frente a casa da Princesa Isabel

Construída em 1884 por Karl Spangenberg a mando de José Tavares Guerra, um abolicionista que só usava trabalho remunerado, tem esse apelido devido aos “erros” existentes na arquitetura quando comparados os lados esquerdo e direito da fachada da casa. A estética assimétrica é proposital, e de acordo com o neto de José Tavares, que nos guiou pelos cômodos dela, seu avô acreditava que a beleza está na assimetria harmoniosa, como no rosto de uma bela mulher.
A casa é uma histórica obra de arte intacta. Jardins (de Auguste Glaziou, o mesmo da Quinta da Boa Vista) e interior são originais! Uma sala toda de jacarandá, uma lareira de mármore carrara, as pinturas de teto demonstrando as diversas viagens de seu dono, que faleceu jovem aos 46 anos, mas com muita bagagem. O cheiro, os detalhes e o ambiente em si de dentro da casa nos leva a uma viagem no tempo. Por adorarmos história e lugares mais calmos e exclusivos, onde podemos realmente mergulhar na atmosfera do local, suas informações e transmissões, foi uma visita muito especial.

Casa dos 7 erros ou Casa do Ipiranga

Casa dos 7 erros ou Casa do Ipiranga

No dia seguinte, almoçamos no Alimentação 2000 uma feijoada vegana completa, caseira e gostosa! O lugar é bem simples, dentro de uma loja de suplementos, então tenta seguir uma linha natural, mas derrapando ao incluir no menu pratos com frango e muito queijo. Tivemos sorte de nesse dia ter um prato vegano. No cardápio também tem hambúrguer de soja, mas de acordo com o funcionário, o deles leva ovo na composição.
Feijoada vegana no Alimentação 2000

Feijoada vegana no Alimentação 2000

Após o almoço, fomos caminhar na Rua Teresa, cheia de lojas. Em Petrópolis tem muita opção de couro sintético para roupas e calçados. A hora passou rápido, pegamos nossas mochilas, nos despedimos da cidade e voltamos para casa.
Até o próximo destino, amig@s!

Escreva-nos sugestões nos comentários!

Serviço:

San Te Tang (Restaurante ovolactovegetariano): Rua do Imperador, 288 – Sobreloja: 02 Centro – Petrópolis – RJ (Aprox. R$25,00 por pessoa)

Alimentação 2000 (Lanchonete natural): Rua Dr Alencar Lima, 34 Ljs 6 e 7 , Centro – Petrópolis – RJ (Aprox. R$20,00 por pessoa)

Capitólio Sushi Bar (restaurante comum): Av Dom Pedro I, 270 Centro – Petrópolis 0 RJ (Aprox. R$40,00 por pessoa)

** Saiba mais sobre a exploração de animais para tração e os métodos substitutivos.

NOTA ZERO: 
Petrópolis, pare de escravizar cavalos e bodes! Veja a campanha e matéria na TV AQUI.

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